Foto: Renan Mattos (Diário)
Os dados do número de usuários do transporte coletivo de 2018 confirmam uma tendência de queda, principalmente, do total de passageiros pagantes e até no total de pessoas transportadas. Por uma série de fatores, como preço elevado da tarifa a R$ 3,90, falta de linhas que atendam às necessidades da população, crise na economia, aumento do número de idosos não pagantes, superlotação de linhas e falta de ar-condicionado, o transporte coletivo é caro e acaba não sendo atrativo para boa parte da população. Não é de hoje que as pessoas que podem compram moto ou carro para fugir do transporte coletivo.
Os reflexos foram a queda de mais 4,1% no total de passageiros pagantes em 2018 e de 6,9% no acumulado dos últimos dois anos. Em 2017, Santa Maria tinha 19.392.850 pagantes. Em 2018, o número caiu para 18.597.669.
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Se o custo segue o mesmo ou aumenta, mas o número de pagantes cai, é preciso subir a tarifa para manter o custo do serviço - os reajustes dos preços para cobrir o rombo provocado pela queda de pagantes estão previstos em lei, para evitar que as empresas quebrem. Isso gera o chamado círculo vicioso, que já comentei várias vezes aqui, que quanto mais cara a tarifa, menos gente vai usar ônibus, e quanto menos pessoas andarem, mais cara ela vai ter de ficar em breve.
No quadro inferior, é possível conferir os números por tipo de passageiros, que revelam quantidade expressiva de idosos com gratuidade e de usuários com passagem integrada, que não pagam a segunda viagem, o que acaba impactando na redução de receita e na tarifa. Se os governos não derem isenção fiscal e subsídios ao transporte e se o cálculo da planilha não for mais transparente, a tarifa seguirá subindo, e o total de usuários, reduzindo.
SITUAÇÃO VAI ALÉM DOS COBRADORES
Além de debater o possível fim da função de cobrador, a Associação de Transportadores Urbanos (ATU) e a categoria também negociam a revisão salarial dos trabalhadores da área, conforme previsto em lei. O presidente do Sitracover, Rogério Santos da Costa, diz que em reunião, na semana passada, a categoria apresentou a proposta de reposição salarial de 6% de aumento real, 100% do Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) referente a janeiro deste ano - ainda não divulgado - e aumento do valor do tíquete-alimentação.
Segundo Costa, o salário atual de um motorista é R$ 2.750, e de um cobrador é de R$ 1.560, mais R$ 200 de tíquete-alimentação, que, com os descontos, são repassados R$ 180 para cada trabalhador. Porém, ele conta que a contraproposta da ATU não foi bem recebida pela categoria.
1,2 mil pessoas já usam app que mostra o tempo para ônibus chegar à parada
O diretor de Assuntos de Comunicação da associação, Edmilson Gabardo, diz que a sugestão é fazer um plano de salário, em que os funcionários teriam aumentos dentro de um determinado período de tempo, como 12 meses, 24 meses e assim por diante. Ele disse que o percentual do aumento desta forma não estaria definido e deverá ser taxado durante a negociação.
Porém, nesta proposta, o salário base seria de R$ 2 mil para motoristas e R$ 998 (salário mínimo) para os cobradores de novos contratos. Os trabalhadores que já são funcionários das empresas de ônibus seguiriam com os salários atuais e entrariam no plano de salário com aumento escalonado. Ou seja, bem polêmico.
LICITAÇÃO A CAMINHO
Outro ponto em debate é a licitação para o transporte coletivo municipal, que deve ser aberta no segundo semestre deste ano, de acordo com o chefe da Casa Civil, Guilherme Cortez. O secretário de Mobilidade Urbana, João Ricardo Vargas, diz que a prefeitura precisa estar com o processo licitatório encerrado até janeiro de 2021.